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UMA VISITA AO TEMPLO  HARE KRISHNA DE BLUMENAU

São 18h30 da noite de terça-feira. Mochila nas costas, alegria no coração, à espera, para conhecer um templo, uma filosofia de vida diferente. Novas experiências, necessidade própria do ser jornalista.

O templo Hare Krishna, há três anos na cidade, está localizado na Rua Amazonas, 982 no bairro Garcia em Blumenau. É um prédio simples, branco por fora e, na porta, o letreiro convida a entrar.

O administrador Cajé, 47 anos, do centro de bem estar Govinda, que fica ao lado do Templo, chega sorridente e avisa que o Hara Kanta chega somente às 19h30. Oferece chá, paz, e “papo”, enquanto o líder do movimento não chega. Cajé comenta que “como devoto de Krishna e para começar bem o meu dia, passa pelo cordão cinco vezes, a Japa Mala” – Mostra o cordão no pescoço. Japa Mala significa repetição/contas, é um colar com 108 contas e cada conta é cantada o mantra: Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare,  Hare Rãma, Rãma Rãma, Hare Hare. “É a melhor forma de espantar as maldades, somente com o mantra o meu dia começa perfeito”, diz o administrador.

O Hara Kanta, líder da comunidade Hare Krishna, chega de Itajaí, onde há nove anos têm outro templo. Mesmo com o ar cansado, recebe os visitantes e devotos com muito carinho e atenção. Hoje, em Blumenau, são mais de vinte integrantes.

Julio Cezar, 22 anos o acompanha, ele é devoto há quatro meses. Júlio é do Rio Grande do Sul e depois de tentar a vida em Balneário Camboriu, se viu perdido e procurou abrigo no Templo Hare Krishna de Itajaí. Depois do apoio e das palavras do Hara Kanta, resolveu segui-lo… Hoje diz “encontrei meu caminho aqui com os Hare Krishna. Aqui me sinto em paz.”

A consciência de Krishna é vivenciada pelos devotos como um processo de auto-purificação, é cantar regularmente no templo e ouvir as suas histórias. Preparar alimentos lacto-vegetarianos com consciência, disciplina, oferecendo a Krihsna, para depois de pronta, compartilhar com a comunidade.

O Hara Kanta convida para a entrada no templo. A primeira providência é tirar os sapatos, como forma de respeito à casa. Começa o encontro saudando a Tulasi, planta oriental, que segundo a história é uma das esposas de Krishna, que se manifesta numa pequena árvore para promover a devoção a Deus.

“O dharma (a lei natural) do vento é secar…

O dharma da água é molhar

O dharma do fogo é queimar

O dharma do ser é AMAR.”

Assim começa a falar o Hara Kanta. Depois de abrir com as devidas saudações a imagem de Prabhupada (fundador do movimento Hare Krishna). Ele fala muito sobre fé, amor, caridade, desprendimento das coisas materiais, de ter uma vida simples e do amor ao próximo.

O templo se mantém de doações fornecidas pelos devotos e simpatizantes do movimento. E comenta “as pessoas que têm, são piedosas, ajudam muito.”

O líder fala que, no início, a aceitação do blumenauense foi difícil. Quando faziam suas caminhadas, no centro da cidade, cantando o mantra e celebrando a vida, muitos falavam mal, “vai trabalhar vagabundo” diziam isso entre outras coisas. Com o passar do tempo (a aculturação), porém, as pessoas se acostumaram e hoje sorriem quando eles passam, batem palmas, celebram e colaboram comprando livros e incensos. “Você encontra muitas pessoas ruins, mas encontra muita gente boa também.” Comenta o Hara Kanta com certo sossego na voz. “Cada pessoa tem a sua bagagem” enfatiza.

O Hara Kanta veio há mais de vinte anos para o Brasil, na época ele tinha 27 anos, mas já foi ateu um “revoltado” disse, não acreditava em nada. Nesta época morava numa praia chamada Paloma, no Uruguai. Lá conheceu dois rapazes devotos de Krishna que foram responsáveis por iniciá-lo nesta filosofia.

Depois das palavras, o líder chama os devotos e visitantes para cantar o mantra, caminhando ao redor de Tulasi (que havia sido colocado no centro do templo). E após a cerimônia serviu Samossa, suco de pêra, sobremesa de mamão com anis às pessoas presentes. “o alimento é feito com muito respeito, silêncio e devoção” diz Hara Kanta.

Terminado o encontro, descendo as escadas em direção à rua, tem-se a impressão de sair mais leve. Brota uma vontade de cantarolar o mantra, seguido de palmas. Um convite para alegrar o restante da noite, na esperança, de que nasça um dia melhor: Hare Krishna, Hare Krishna , Krishna Krishna, Hare Hare,  Hare Rãma, Rãma Rãma, Hare Hare…

por Nane Pereira
Foto:  Giovani Nasatto


Hare Krishna – Blumenau/SC  – Terças, quintas e sábados, às 19h30.
Rua Amazonas, 982. Bairro Garcia. (Próximo Terminal Fonte e Auto Posto MC.)
Telefone: (47) 3326-5573

FORMAÇÃO (091109)

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