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Trevas do Crack

Uma menina, descabelada e suja, entrou com uma sacola de papel enorme na livraria. As balconistas ficaram atentas, afinal ela tinha todos os aspectos de que não entrara na loja para comprar. Sim, com os constantes pequenos furtos que andam acontecendo na cidade, as balconistas (principalmente as que estão há mais tempo) já aprenderam a perceber, de longe, quando há cheiro de encrenca no ar.

E não deu outra! Logo que se sentiu só num lado da livraria, a menina aproveitou e jogou dentro da sacola quatro livros. Mas, o que ela não sabia é que estava sendo vigiada e, no susto, foi abordada pela balconista. O que era para ser um simples puxão de orelha acabou virando uma cena de filme de terror… A garota jogou a sacola no chão e saiu correndo, foi barrada na porta por outro cliente. E numa cena de histeria começou a jogar livros para tudo quanto era lado. Quando, finalmente, foi segurada pelos braços, num acesso de raiva a pequena ladra mordeu. Mordeu com toda força o braço da líder daquela loja. Mordeu como um cão que não via comida há tempos, como se alguém estivesse lhe arrancando o coração a unhas, ou o que restasse dele. Dois homens a seguraram. Dois homens!

A PM chegou. Um policial, em particular, sorrindo diz: “olha quem está aí, olha!”; ele a conhecia. O apelido da pequena era “Trevas”. Ela havia sido pega um dia antes, fumando pedra (Crack), no famoso parcão da cidade blumenauense. Tiraram do bolso da ladra dois pequenos pacotes de cocaína e cinco pedras… “Trevas adora crack. Agora tu foi pega, mocinha”, dizia o mesmo policial.

Segundo consta no site Crack Nem Pensar, campanha promovida pelo grupo RBS, o crack é mais potente do que qualquer outra droga e provoca dependência, desde a primeira pedra. A droga é de fácil acesso, sem cheiro, de efeito imediato. Para sustentar o vício, o dependente chega a se desfazer de todos os bens, rouba de familiares e amigos e, por fim, começa a cometer crimes.

E enquanto Trevas (com um ar perdido) era levada e a gerente era atendida pelos médicos, percebo, num canto da livraria, uma jovem cliente triste. Estava com pena da ladra e comentou: “Acho que eles vão bater muito nela, coitada da Trevas”. E, por um momento, pensei em compaixão. Do que a ladra havia sido feita? Por onde será que andavam seus pais? O que havia almoçado? E por quantas pedras havia passado…

n.p.

Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/especial/br/cracknempensar/conteudo,0,3754,Oqueeocrack.html

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