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Vez por outra, gosto de parar em frente à pequena estante e escolher um livro. De lá retirar alguma leitura – texto, página – escolhida a esmo. Hoje, reli um dos meus trechos favoritos do livro Contos Filosóficos Do Mundo Inteiro, de Jean-Claude Carrière, Ediouro, p.54. Compartilho com vocês 😉

As almas aprisionadas

Um dia, um grupo de aborígines australianos caminhava numa paisagem árida, acompanhada por um etnólogo. Este, que anotava cuidadosamente todos os seus feitos e gestos, observou que de tempos em tempos o grupo, composto de homens e mulheres, parava por um momento mais ou menos longo. Eles não paravam nem para comer, nem para olhar alguma coisa, nem para sentar, nem para repousar. Eles paravam, simplesmente.

Depois de duas ou três paradas, o etnólogo lhes perguntou os motivos. É muito simples, eles responderam, esperamos por nossas almas.

O etnólogo pediu algumas explicações complementares. Ele compreendeu, então, que, de tempos em tempos, as almas param pelo caminho para olhar, sentir, ou escutar alguma coisa que escapou dos seus corpos.

Esses motivos para parar, mesmo permanecendo secretos, podem ser muito fortes, muito sedutores. É porque, quando os corpos continuavam a andar, algumas vezes as almas paravam durante uma hora.

Assim, é preciso, em seguida, esperá-las.

Opinião: O Diário de Genet, apresentado nesta terça-feira no Fitub em Blumenau

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